terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Impressões de Viagem, por Nilo Dante



Impressões de Viagem


(Não morra antes)

Nilo Dante*

Pautas & Fontes reflete a jornada de Alfredo Herkenhoff através do fascinante universo que foi, um dia, a redação do Jornal do Brasil.

O relato é caudaloso e emocionado. Não se isenta da nostalgia. Mas passa ao largoda amargura, embora o autor tenha sido testemunha e vítima do naufrágio a que foi conduzido o antigo colosso da imprensa brasileira.

Herkenhoff não se aprofunda nas águas da debacle empresarial. Nem se detém na insensatez das causas ou no estelionato dos efeitos, ambos por demais conhecidos. Seu facho de luz prefere a galáxia infinita de um grande jornal (ainda que em declínio) e seus habitantes siderais.

Manejando habilmente o estilo anotações-de-repórter, o autor produz uma viagem voluptuosa. Não se obriga à cronologia. Embriaga-se na emoção. Ao fim da travessia, ancora seu turbilhão pessoal em profunda (e merecida) reverência aos dois colegas de profissão que mais o impressionaram: José Gonçalves Fontes e Oldemário Touguinhó.

Esse par de ases da reportagem surgiu anos dourados da mídia brasileira, que começou no big bang dos anos 50 e acabou nos anos 1980, durante o vendaval falimentar que atingiu o Jornal do Brasil. Na década de 1990, no rastro da estabilidade econômica trazida pelo fim da inflação, ampliou-se o poder aquisitivo da classe média e os jornais brasileiros alcançaram as maiores circulações da história. Por uma dessas contradições difíceis de explicar, aquilo funcionou como uma senha perversa para o mergulho das grandes circulações no despenhadeiro da rejeição, por motivos que se verá em instantes.

Fontes e Touguinhó descendem, em linha direta, dos grandes repórteres que marcaram os anos 40, 50 e 60. Vejo-os como dignos sucessores de Joel Silveira, Samuel Wainer, Rubem Braga, Caio Júlio César Vieira, Carlos Lacerda, Edmar Morel, David Násser (a estrela máxima da constelação), Ubiratan de Lemos, Luciano Carneiro, José Leal, Geraldo Romualdo da Silva e outros expoentes do ofício em que a memória não me socorre.

Você – como o próprio Herkenhoff se refere ao leitor – haverá de identificar várias faces de um caleidoscópio cintilante, a partir do antes mencionado estilo anotações-de-repórter.

A face mais comovente se encontra menos nas páginas que na alma do livro. No escancarado amor de Herkenhoff pela profissão. Na alegria vital com que sempre a exerceu - desde repórter novato, na extinta Última Hora, até secretário de Redação e cronista brilhante no Jornal do Brasil. Em numerosas ocasiões, pude testemunhar sua combatividade na atualização do jornal do dia seguinte que ele finalizava
admiravelmente na Secretaria da Noite.

Lembro bem do cenário porque tive o privilégio de conviver com Herkenhoff nas edições do JB que produzimos entre 2002 e 2003. Um curto tempo de promissão em que, com perdão da imodéstia, a circulação da “folha da Condessa” disparou 30% em um mês, dando-me — e ao Ricardo Boechat, que estava no comando da arrancada, ao Nelson Hoineff, ao Vicente Senna e ao Jacques Nogueira, artífices também daquela decolagem — a ilusão de que o jornal iria se livrar da tenda de oxigênio e arremeter,
enfim, rumo ao horizonte azul.

Amor pelo ofício do jornal! Alegria de exercê-lo com naturalidade e isenção, sob o

objetivo primordial do interesse do leitor – eis o supremo dogma da minha geração que

José Gonçalves Fontes, Oldemário Touguinhó e Alfredo Herkenhoff sempre souberam

honrar.

A escalada triunfal do Jornal do Brasil foi detonada na segunda metade da década

de 1950 - os tais anos dourados da mídia brasileira - em que tudo aconteceu: a célebre

reforma do Diário Carioca, o advento da televisão, o lançamento do jornal Última Hora

e da revista Manchete. Quem deu o disparo inicial foi o inesquecível Odylo Costa, filho,

um humanista de alta voltagem, católico e maranhense como a condessa Maurina

Pereira Carneiro, dona do jornal, nomeado diretor da redação em meados de 1956.

Odylo tinha 42 anos. Era um visionário que adorava jornal. Percebeu e teve a sabedoria

de absorver a renovação introduzida pelo grande Pompeu de Souza no Diário Carioca,

de onde pinçou alguns jovens de talento incomum como o Armando Nogueira, o

Evandro Carlos de Andrade, o José Ramos Tinhorão, o Ferreira Gullar e outros em que

a memória também não me socorre. Buscou nas artes do Amílcar de Castro um desenho

simples e eficiente para o novo jornal que esculpiu com desmedida paixão. (Até então,

exceto pela Última Hora que importou notáveis artistas da Argentina, os jornais

brasileiros não eram diagramados formalmente nem tinham desenho algum. Hoje, têm

desenho demais.)

Odylo ficou uns três anos na direção do Jornal do Brasil, sucedido pelo Janio de

Freitas, que fez boas tentativas renovadoras em sua curta passagem pela direção, e pelo

veterano Omer Mont’Alegre. Mas foi o Alberto Dines, entre 1962 e 1973, quem

consolidou e aprimorou a alta qualidade do jornal, de avassaladora influência sobre os

jornais brasileiros. Todos passaram a ser editados à imagem e semelhança do Jornal do

Brasil. Copiaram-no inclusive nos defeitos, como as chamadas-resumo da primeira

página, excêntricas duplicidades de informação que só existem na imprensa brasileira.

O zênite do Jornal do Brasil deu-se, portanto, na Era Dines. Diz-se que a

construção do novo edifício-sede na Avenida Brasil, para onde o jornal se mudou em

1973, teria inaugurado o declínio. Acredito. Outro desastre irreparável foi a iniciativa de

circular também às segundas-feiras, oferecendo a O Globo a contrapartida de circular

também aos domingos. Até ali, os jornais matutinos (como o JB) circulavam de terça a

domingo. Os vespertinos (O Globo, Última Hora e outros), de segunda a sábado. Sendo

o domingo o melhor dia em circulação e publicidade, foi fatal dividi-lo com O Globo, já

então um vespertino de grande circulação, editado por um grupo empresarial bem

estruturado e que já dispunha da emissora de televisão líder do mercado brasileiro.

Paralelamente, brotavam na paisagem os ingredientes que acabariam por afetar a

qualidade dos jornais brasileiros. A mudança da Capital talvez tenha sido o mais letal,

pois permitiu que a ditadura se prolongasse, ocasionou a degradação incontida da vida

pública, o nivelamento por baixo dos quadros políticos e de alguma forma a decadência

dos “guardiões da comunidade” que os nossos jornais deixaram de ser.

Os primeiros sintomas da enfermidade que iria matar o Jornal do Brasil surgiram

no início dos anos 1980, quando por falta de caixa deixou de cumprir acordos sindicais

com a redação. Data daquela ocasião a pouco conhecida, mas altiva reação de um dos

proprietários do JB, D. Leda Nascimento Brito, filha da falecida condessa Pereira

Carneiro, que ofereceu desfazer-se de valioso acervo de joias e objetos de arte para

honrar os compromissos do jornal com a redação. É óbvio que tal débâcle é resultado de

gerência desastrada, predadora. Semelhante à que já havia fulminado dois outros

gigantes da imprensa brasileira, o Correio da Manhã e o Diário de Notícias, as mortes

mais dolorosas da minha geração.

O jornalismo de alta qualidade dos anos 50 e 60 foi mortalmente infeccionado por

legados do regime militar de 1964 que produziram quatro décadas de deformação. Um

deles, a perseguição dos intelectuais de esquerda que ceifou numerosos quadros das

redações, nelas instalando vários níveis de ressentimento. Outro, a atabalhoada

imposição do diploma universitário em jornalismo para o exercício da profissão, que

fechou a porta dos jornais a boas vocações de diferente formação e as escancarou a

diplomados de cursos precários. A censura do Ato Institucional nº 5, de dezembro de

1968, produziu notáveis momentos de resistência criativa nas redações do Jornal do

Brasil e O Estado de S. Paulo. Mas gerou graves desajustamentos que perduram até

hoje, como o execrável “jornalismo declaratório”.

O regime militar costumava justificar a tomada do poder em 31 de março de 1964,

ao derrubar o presidente da República eleito, com dois pretextos: “livrar o País da

ameaça comunista” e “acabar com a corrupção”. Pois desde os primeiros instantes

contrariou ambos objetivos. Ao prender, torturar e eliminar eventuais adversários usou a

terapia dos regimes comunistas para com os “delitos de opinião”. Ao imobilizar a

oposição blindando monumental programa de obras públicas de escassa transparência,

plantou as sementes da corrupção desenfreada que iria criar um viveiro de salteadores

de erário na vida pública brasileira, transformando-a em um exercício não de civismo,

mas de puro banditismo.

A par disso, o governo dos militares tornou-se o maior anunciante do País, com a

veiculação de propagandas institucionais, avisos, balanços, editais, “cadernos especiais”

e “projetos de marketing” originários do caudaloso organograma estatal. Inaugurava-se,

dessa forma, a era das relações promíscuas entre os veículos de comunicação e o Estado

por inteiro, aí incluídos presidência da República, ministérios, autarquias, bancos e

empresas estatais, além do próprio Congresso que também passou a gostar de distribuir

matéria paga.

Tal anomalia alastrou-se como metástase pelas esferas estaduais e municipais. Em

anos recentes, estendeu-se ao controvertido Sistema S, de péssima reputação entre os

jornalistas, mas cujas federações, sesis, sescs, senais, senacs e sebraes também se

tornaram generosos supridores de caixa da mídia.

No capítulo do repasse de dinheiro do contribuinte à mídia, nada me parece mais

afrontoso que a torrente de propaganda do BNDES e outros mamutes estatais do gênero

monopólio que, por definição, não disputam mercado.

Voltando ao tema do Herkenhoff, o aspecto mais doloroso do Jornal do Brasil é

que ele se vai quando mais se precisava dele. Nós o queríamos vivo por ser depositário

do melhor jornalismo que já se praticou no País. Das melhores ilusões dos melhores

jornalistas. Não nos conforta saber que vinha desaparecendo há muito tempo. Que

cambaleava à beira do precipício a cada edição que os jornaleiros recebiam com tristeza.

Não importa que em seus últimos momentos já não guardasse vestígio do grande

combatente que foi um dia.

Mas o enfermo que ora sepultam não é o jornal altivo e elegante do Odylo e do

Dines, que o Walter Fontoura tanto se empenhou em conservar. Não é o campo de

batalha em que o Fontes e o Touguinhó se tornaram grandes vencedores. É apenas um

legado indigente e andrajoso de coveiros antigos e controladores de ocasião.

O mal que a agonia do JB trouxe à imprensa brasileira está por ser dimensionado e

posso lhes garantir que é muito grande. Atinge a fundo a Imprensa do Rio, que fica órfã

de concorrência. Fere, com isso, o próprio O Globo, líder eventual do pedaço, órfão da

referência que impulsiona o aprimoramento.

Mas, insisto: o que está morrendo não é o troféu do Odylo e do Dines. E aqui -

com profunda reverência a esses dois maestros – lanço um olhar de saudade à cintilante

performance do Odylo, de estilo contido e preciso, que testemunhei por curto período

em fins de 1958. Adiante, vejo, também, o turbilhão do Dines em plena criação de

monumentos ao melhor do jornalismo brasileiro, como a coluna do Castello, a coluna

do Armando Nogueira, o Informe JB, o Departamento de Pesquisa, as coberturas

extensivas e a rede de correspondentes estrangeiros que a certa altura entrava em campo

com o Araujo Neto, o Luís Edgard de Andrade, o Wálder de Góes, o Sílio Boccanera, o

Noênio Spinola e outros craques de igual quilate.

O que está morrendo com o JB é a inépcia gerencial e predadora que ali se

instalou. Morre um embuste e um estelionato. Vive a brava armata da redação

Brancaleone que ultimamente sustentou a sobrevida do cadáver imperdoável.

Mataram o grande jornal, mas não levarão para o seu túmulo o jornalismo dos

sonhos do Jornal do Brasil.

Que jornalismo é esse? – poderá perguntar o jovem iniciante e me apresso em

responder.

Este é o jornalismo dos editores que não demitem a ambição da performance na

presunção de que já estejam fazendo o melhor... das pautas produzidas nas redações,

não nas assessorias de imprensa autoras da tempestade de releases que obstruem as

artérias dos jornais... da reportagem expositiva e não das entrevistas ocas... que não abre

latifúndios de espaço a políticos e governantes – os grandes satãs da opinião pública...

que trata artes e espetáculos com informação crítica, sem divulgação deslumbrada... que

seja dia e noite infenso à idolatria e ao engajamento pueril... que não concede página

inteira a qualquer mequetrefe do show business, qualquer documentarista de fundo-dequintal...

que não demite a emoção... que não perde a humildade... que não cultiva a

egolatria... que observa os fundamentos cruciais do nosso ofício que começam e

terminam no interesse do leitor... que não emascula o conteúdo pelo grafismo

garroteador de designers delirantes... que valoriza a foto-reportagem, não insultando a

arte da fotografia com a publicação de bonecos em página inteira, com o aluvião de

fotos de arquivo, e a repetição da mesma foto duas, três vezes na mesma edição.

Um jornalismo, enfim, que persiga a influência social - marca dos grandes jornais –

e que não seja maciçamente rejeitado pelo leitor, como o de hoje.

Sim: o tempo acelerou a fadiga do modelo em curso nos nossos jornais, com a

brilhante exceção de Zero Hora de Porto Alegre. E do eficiente Extra aqui do Rio, um

fenômeno de sintonia com o público que se propôs atingir. Um admirável jornal popular

criado pelo Eucimar de Oliveira e o Renato Maurício Prado, ambos da mesma cepa do

Oldemário, do Fontes e do Herkenhoff. Os principais jornais do país, como O Globo, a

Folha de S. Paulo e O Estado de S. Paulo, exibem, hoje, defeitos rudimentares de

fabricação. Aberrações inimagináveis quando ingressei no ofício. Tornaram-se mídia

secundária ante o jornalismo que pulsa na televisão.

Hoje, são os repórteres e editores dos jornais da televisão, não os do papel, que se

empolgam e nos servem o festim da vida. Lamentavelmente, o autoritarismo ainda

predominante na cena brasileira mantém a TV refém das concessões “a título precário”

do governo federal. Daí a presença frequente de hierarcas do poder aborrecendo o país

em horário nobre. Daí o discreto cuidado da TV por temor do Grande Irmão vigilante

em Brasília.

Ainda assim, é o Jornal Nacional, o Jornal da Band, o da Record e o Jornal do

STB que revelam o caleidoscópio multiforme, colorido e emocionante que ferve do lado

de fora das redações. Os telejornais, não os jornais de papel, são a grande vitrine do

tumulto da sociedade em movimento. Os telejornais são produzidos por equipes que não

se conformam em desconhecer o que “está rolando”. Saem às ruas. Perguntam e trazem

respostas para servir o banquete da informação que os mortais comuns adoram. Os

colegas da TV não ficam emparedados em redações envoltas na névoa opaca que flui

dos monitores. A mesma névoa que impede a Geração 2000 de empunhar o bastão do

Fontes, do Oldemário e do Herkenhoff.

A perda de qualidade começou a ser vislumbrada em fins dos anos 1980. Ganhou

impulso nos anos 1990. Ingressou no novo século com sintomas de epidemia. O

resultado é o espetacular desabamento de circulação revelado pelos relatórios mensais

do Instituto Verificador de Circulação (IVC) que venho colecionando desde 1994. Não

estamos falando de uma queda gradual, prenúncio do inexorável desaparecimento dos

jornais em papel que o avanço da tecnologia digital promete. Estamos falando do maior

fenômeno de rejeição a um produto de largo consumo de que se tem notícia (sem

trocadilho) nos mercados do Rio e de São Paulo. São perdas estonteantes. O quadro

abaixo resume o desastre de circulação ocorrido nos domingos do mês de maio,

(exemplo pinçado a esmo) conforme os números do IVC:

1994 2010

Folha de S. Paulo.......... 1.470 mil 350 mil (- 76%)

O Globo......................... 970 mil 326 mil (-68%)

O Estado de S. Paulo..... 655 mil 290 mil (-56%)

O Dia ............................ 700 mil 94 mil (-86%)

O Dia, que desde a morte de Ary Carvalho, em 2003, vem descendo a ladeira, a

ponto de ter sido vendido há pouco pelas herdeiras, é o recordista absoluto da derrocada.

Perdeu 50% de leitores entre 2007 e 2010, despencando de 10º para 18º no ranking

nacional. Pertence agora a um grupo ibérico, ora sob severo tiroteio da entidade dos

proprietários de jornais que o acusa de ferir a Constituição que limita em 30% a

participação estrangeira nas empresas brasileiras de jornais. Bobagem. Deviam

preocupar-se em banir tal limite, abrindo os jornais ao capital globalizado que pudesse

trazer algum sopro de renovação.

No capítulo de meus espantos, cabe espaço para a longa entrevista do mais alto

executivo de O Globo ao site Jornalistas & Cia, em novembro de 2007. Ali, a propósito

de exaltar as virtudes de seu jornal, o Sr. Paulo Novis proclamou que os 600 jornalistas

do Grupo Globo são “permanentemente instigados a ousar, a fugir do lugar comum (...)

e – o mais importante – com o direito de errar”.

O “direito de errar” tomado como atributo “mais importante” de uma corporação

de 600 jornalistas é algo que não pensei viver para testemunhar... Deve ser por isso que

O Globo alterna alguns momentos de bom jornalismo com outros de jornalismo

irracional. Deve ser por isso que em lugar da alma da notícia, costumam publicar a foto

dos que foram colhê-la e até a do motorista que os conduziu... Deve ser por isso que o

grande jornal que o “doutor Roberto” esculpiu com grandes craques vende menos nos

domingos de hoje que há 30 anos. Acima de 440 mil exemplares em 1980. Abaixo de

330 mil em junho de 2010.

Quem se importa?

O Globo faz muito dinheiro. Reina absoluto em um mercado sem concorrência,

embora nem assim consiga ampliar a circulação.

Nada a ver com isso, ou tudo: entre os 100 maiores jornais do mundo, não figura

um só brasileiro. O último colocado, com a média diária acima de 600 mil exemplares,

vende o dobro da Folha de S. Paulo, nosso trôpego campeão. A Folha se acha em

empenhada em uma briga de rua pelo topo do ranking nacional que costuma alternar

com o SuperNotícia, primoroso jornal-de-combate de Belo Horizonte – de Belo

Horizonte! - um terço do mercado de São Paulo.

Mas afinal, quem se importa?

Os novos donos de jornal já eram pessoas riquíssimas quando assumiram os

controles e não cessam de prosperar. Não enfrentam concorrência para valer. A Folha e

o Estado não são concorrentes, mas jornais iguais, editado por grupos diferentes.

Mesmo conteúdo, mesmo pendor por inúteis “projetos gráficos” sazonais, mesmo

apreço por políticos e governantes, mesma agenda politicamente correta e... a mesma

rejeição do leitor. Cito de memória: em outubro de 2004 a Folha me assombrou ao dar a

chegada de certa nave espacial a uma lua de Saturno em manchete da primeira página.

Uma vaga nave espacial em uma vaga lua de Saturno! O Estado deu a mesma coisa na

manchete daquele dia. Há pouco, a morte do escritor José Saramago também mereceu

manchete de primeira página da Folha.

Mas, não obstante a progressiva escassez de importância de seus jornais junto à

opinião pública, os donos possuem uma força descomunal junto aos detentores – e me

sinto tentado a dizer malfeitores do poder. Como se sabe, a grande preocupação destes

últimos é que não chegue às manchetes o mensalão da vez...

A verdade (ao menos a minha) é que nossos jornais se tornaram estranhos

produtos de dimensão, aparência e conteúdo subordinados ao gosto de quem fabrica e

não de quem consome. Daí, por certo, os espetaculares desabamentos de circulação. E,

por favor, não me falem de Internet. O Rio Grande do Sul registra um dos maiores

índices de acesso à Internet por habitante. No entanto, o campeão local de circulação -

Zero Hora - fechou junho deste ano com a mesma circulação paga de 1994. Nos

Estados Unidos, onde qualquer de seus habitantes tem acesso à Internet, a curva

descendente dos jornais é muito mais suave. Lá, o declínio começou há mais de 30 anos,

bem antes do advento da Internet. Tem origem na concorrência de numerosas emissoras

de TV a cabo que oferecem jornalismo de alta qualidade 24 horas por dia. Obviamente,

a Internet não favorece nenhum jornal em parte alguma, mas ainda não afeta

dramaticamente os jornais eficientes, como a nossa Zero Hora ou novo campeão de

circulação dos Estados Unidos, o Wall Street Journal.

Se a web estivesse “matando a imprensa”, como supõem os perdedores, não

haveria mais jornal nos EUA, na Grã-Bretanha ou na Alemanha onde a Internet

generalizada convive com os jornais de maior circulação do Ocidente.

Outro de meus modestos assombros é o desperdício de papel – o insumo mais caro

da nossa indústria – que produz a desvalorização dos jornais. Certa vez, a Folha dedicou

um caderno de 20 páginas ao sequestro de um publicitário de São Paulo. Em outra

ocasião, deu cinco páginas para o lançamento do filme Batman II no Brasil. Em 1994, o

Jornal do Brasil publicou um Caderno de 10 páginas – 10 páginas! - sobre certo

“abraço na Candelária”, promovido por intelectuais de Ipanema. Em um domingo de

junho de 2004, o JB dedicou um caderno de 12 páginas aos 60 anos de Chico Buarque.

Dias depois, O Globo prestou tributo semelhante ao aniversário do talentoso compositor

em um caderno de 10 páginas. Dez páginas, por baixo são 50 gramas. Multiplicadas por

uma tiragem, digamos, de 400 mil exemplares, tem-se que os 60 anos do Chico Buarque

custaram a O Globo 20 toneladas de papel ou sejam: 12 mil dólares. Sem falar nas 1000

árvores derrubadas...

Não se discute aqui o valor do artista, mas o registro de seu aniversário beirar a

vassalagem. Afinal, alguém saudável e rico como o Chico Buarque chegar a 60 anos

não é fato incomum. Por isso, não é notícia (sinônimo de fatos incomuns). Cadernos de

10, 12 páginas para alguém que faça 60 anos, nem que o sexagenário fosse Mozart. Ou

Einstein...

Em agosto de 2004, O Globo publicou um caderno de 16 páginas sobre os 50 anos

da morte de Getúlio Vargas, ocupando duas páginas – a capa e a contracapa – com

apenas duas palavras - Getúlio Vargas – aplicadas sobre uma foto obscura de multidão.

Por serem tão distantes do leitor e tão excêntricos, para usar uma palavra

antiquada, os jornais do Rio e de São Paulo são consumidos hoje mais pela inércia, ou o

interesse nos classificados que pela atração. Alimentam a curiosidade geral pela

informação. Mas despiram a legenda de Robin Hood (“defensor dos fracos e

oprimidos”) que traziam do gênesis. Não se preocupam muito em ajudar o leitor a

solucionar as necessidades de sobreviver e prosperar. Por isso, desapareceu a relação

afetiva entre o produto e o consumidor.

Em tempos recentes, no Rio e em São Paulo entrou-se pela suposição de que fazer

um jornal requer quatro providências: (1) encomendar um “projeto gráfico”; (2)

comprar conteúdo em agências de notícia e acolher matérias das assessorias de

imprensa; (3) encher a redação de uma galera de principiantes de baixo custo; e (4)

entregar uma coluna a lobistas de reputação duvidosa junto ao distinto público, mas de

bom trânsito nos obscuros subterrâneos do poder. No todo ou em parte, foi o modelo

adotada pelo Jornal do Brasil nos últimos cinco ou seis anos. Deu no que deu.

Bem!

Lamento a extensão do discurso, mas precisei fazê-lo pelas saudades do Odylo, do

Fontes, do Oldemário e do jornalismo que os consagrou. Pelo muito que se deve ao

Dines, de quem costumo divergir, especialmente em política externa, mas que será para

sempre o grande escultor de jornais da minha geração. Precisei fazê-lo, também, pela

jornada apaixonada e arquejante do Alfredo Herkenhoff. Mas o fiz por mim mesmo. Por

minha vã esperança de que em um futuro qualquer, no papel ou On-Line, ressurjam o

bom jornalismo e os grandes jornais do Brasil que estão morrendo antes. Porque dos

que ficaram, o leitor já percebeu que pode passar sem eles.

_________________________

* Nilo Dante, em mais de 50 anos de profissão, trabalhou em 10 jornais e quatro revistas semanais do Rio. Foi diretor de redação dos jornais Tribuna da Imprensa, Diário de Notícias, Última Hora, Jornal do Commercio e Jornal do Brasil. Foi o secretário de Redação do Correio da Manhã e correspondente internacional de O Globo nos anos 60. Trabalhou pela primeira vez no JB em 1958, levado por Odylo Costa filho. Voltou em fevereiro de 2002, trazido por Ricardo Boechat e dirigiu a redação de agosto de 2002 a junho de 2003

sábado, 12 de dezembro de 2009

domingo, 16 de agosto de 2009

Epidemia da gripe H1N1 pode apressare liberação de novo produto

Epidemia de gripe suína pode apressar liberação de novo produto
Flávio Dilascio, Jornal do Brasil
GUAIAQUIL - Em 2005, a Organização Mundial de Saúde estimou em 1,6 milhão o numero de mortes causadas anualmente pela bactéria Streptococus pneumoniae. Soma-se a isso o fato de, a partir deste ano, ter surgido um imenso agravante para este dado: a gripe suína, que tem como umas de suas principias doenças associadas a pneumonia e a meningite. Pensando em todos estes aspectos, o laboratório GlaxoSmithKline (GSF) lançou, no último dia 22 de junho, a uma nova vacina pneumocócica pediátrica, a Synflorix, que protege contra doenças potencialmente fatais, como a meningite e a pneumonia bacterial, bem como contra infecções do ouvido médio (otite média aguda). Esta é a primeira vacina no mundo que inclui os sorotipos preconizados pela Organização Mundial de Saúde. A Synflorix tem a expectativa de cobertura de 82,5% dos casos de doença pneumocócica invasiva no Brasil.
Nos postos
Esta nova vacina está numa lista com mais outras quatro que esperam pela regularização no Brasil. São elas: hepatite A, varicela, meningite conjugada e HPV. Todas estão na chamada fase de análise de efetividade e custo, último estágio antes da liberação para o uso pelo sistema de saúde pública. O Ministério da Saúde não divulgou uma ordem nesta fila de aprovação, mas tudo leva a crer que, com a chegada da gripe suína, a vacina pneumocócica pediátrica seja a primeira desta lista a ser disponibilizada nos postos de saúde. A previsão é que isto aconteça em setembro.
– Com certeza, o aparecimento da gripe suína contribui para o apressamento da regularização no Brasil. Esta nova doença é, sem dúvida, um fator a mais a ser considerado. O risco de complicações para uma criança que tem o vírus é maior – opina o infectologista pediátrico da GSK, Aroldo Prohmann de Carvalho.
No que concorda seu colega:
– Temos muitas variantes envolvidas neste tipo de processo, como mortes e internações e isto tudo é avaliado para a liberação – completa o gerente médico de vacinas da GSK, Otávio Cintra.
No Brasil, o pneumococo tem alto impacto na saúde pública, com cerca de 1.500 casos de meningite, 20 mil casos de pneumonia hospitalizados e mais de três milhões de casos de otite média aguda registrados anualmente. No caso da pneumonia e da meningite, há ainda o agravante do H1N1, que abre a porta para a entrada da bactéria no organismo.
Já existe uma vacina pneumocócica no mercado, porém sua efetividade está bem abaixo da capacidade da Synflorix. Criada em 2000, a vacina pneumocócica conjugada 7-valente é usada apenas na rede privada. Por julgar que o seu custo-benefício não é satisfatório, o Ministério da Saúde não a adicionou no calendário de vacinação gratuito da população.
– Pela OMS, a pneumonia é a doença mais previsível de ser prevenida com vacinas. A vacina que estava no mercado, no entanto, fora feita em função dos sorotipos mais comuns nos Estados Unidos, que não condizem com a realidade dos outros países, dos quais se inclui o Brasil. A nova vacina é mais abrangente, pois é conjugada com uma proteína de outra bactéria, além de ser 10-valente – explica Aroldo Prohmann.
Existem 91 tipos de pneumococos, dos quais 10 a 15 causam doenças em humanos. A Synflorix atinge 10 desses tipos, representando uma proteção de 82% dos sorotipos brasileiros (aqueles que mais atingem a populacão do país). Diferentemente do Brasil, onde ainda aguarda liberação, a nova vacina já está disponível em outros países, como Canadá, Chile e algumas nações da Europa. A previsão dos médicos brasileiros é que ela seja finalmente liberada em setembro, passando a fazer parte do calendário nacional de vacinação de crianças menores de dois anos.
– A doença pneumocócica tem maior incidência em crianças pequenas. Vacinando-as, você está protegendo não só elas, como aos adultos que lidam com as mesmas, principalmente idosos, que compõem outro grupo de risco – analisa a infectologista pediátrica Sonia Maria de Faria.
Calendário
Especialista em erradicação de doenças no mundo, o diretor para programas internacionais de imunização do Instituto de Vacinas Albert Sabin, Ciro de Quadros, acredita no sucesso da nova vacina.
– A cada hora na América Latina morre-se de duas a três crianças com pneumonia. É uma enfermidade devastadora. Países gastam milhões todos os anos com tratamentos. Nossa luta é conseguir colocar essa vacina no calendário de todas as nações. Muitas enfermidades no mundo não se tem como resolver. As infecções pneumocócicas não, pois agora temos uma vacina benéfica e efetiva. Já erradicamos várias enfermidades do mundo e agora estamos prestes de conseguirmos mais uma - avalia.
Confiante na regularização da Synflorix, ele acredita que a presença do H1N1 no Brasil aumente o apelo pela medida.
– O H1N1 pode aumentar o apelo pela liberação da nova vacina pneumocócica, sim. O governo já vem analisando isso há tempos e acredito que ela possa ser lançada a qualquer hora. O Brasil tem muita atuação na área preventiva e acredito que mais uma vez esta tradição irá prevalecer - finaliza.
20:22 - 15/08/2009

sábado, 15 de agosto de 2009

Enviado por Ricardo Noblat - 15.8.2009|

Enviado por Ricardo Noblat -
15.8.2009
10h25m
Coisas da Política - Jornal do Brasil - 2/7/1989
Enviado por Ricardo Noblat -
15.8.2009
10h25m
Coisas da Política - Jornal do Brasil - 2/7/1989
Collor pode derrubar Collor
Por Ricardo Noblat:
O PFL informa: o ex-Ministro Aureliano Chaves será indicado hoje canndidato a Presidente da República. Em setembro, o indicado poderá vir a ser o ex-Prefeito Jânio Quadros.
Alguns políticos e economistas temem que até lá todas as indicações avalizadas pelos partidos acabem não valendo coisa alguma. A hiperinflação, se de fato vier a se instalar entre nós, seria capaz de desestabilizar a eleição de novembro próximo.
Pode haver exagero nesse tipo de temor — é recomendável que ele não passe de exagero. Mas ele existe e, à medida em que o governo jaz, inerte, diante do agravamento da crise, cresce o número de pessoas responsáveis que receiam a interrupção do processo de redemocratização do país.
É muito curta a memória coletiva. Em 1983, o país assistiu a uma onda de saques a supermercados e a lojas no eixo Rio—São Paulo.
Só no Rio foram registrados 63 episódios de saques. Muitos deles ocorreram, também, em algumas cidades do Norte e Nordeste. No centro de São Paulo, certo dia, um movimento de desocupados e de subempregados estilhaçou vitrines e fachadas de agências bancárias.
Uma manifestação de grevistas pôs abaixo parte das grades do Palácio dos Bandeirantes. O Governador Franco Montoro ficou sitiado por algumas horas.
O mundo não acabou por causa disso. Os Urutus não deram o ar de sua graça. Aliás, eles não têm graça alguma. O México decretara a moratória um ano antes. O Brasil, na prática, estava quebrado.
As elites do país souberam se entender para garantir a preservação da ordem pública e o projeto de distensão liderado pelo Presidente João Figueiredo. Deseja-se que demonstrem sabedoria e bom senso para agirem assim novamente.
Os donos do poder não tinham candidato para enfrentar a dupla Leonel Brizola-Luís Inácio Lula da Silva. Agora, têm — ou poderão ter. Poderão dispor da candidatura do ex-Governador Collor de Mello, um típico representante deles mesmos — com a vantagem de ter seduzido amplas faixas do proletariado.
Poderão dispor da candidatura do Deputado Ulysses Guimarães, que aceitaria o apoio deles sem nenhum constrangimento. Aceitaria feliz.
Se preferirem um candidato levemente inclinado para a centro-esquerda, poderão dispor do Senador Mário Covas, que conserva a seu lado o discreto charme do Senador Fernando Henrique Cardoso.
Dificilmente, escolherão seguir com a candidatura do ex-Ministro Aureliano Chaves. Ao indicá-lo, o PFL cumpre a obrigação determinada pela prévia interna que beneficiou Aureliano e que derrotou o Senador Marco Maciel. Nada mais do que isso.
O PFL não acredita nas chances de sucesso do ex-ministro. Talvez nem ele mesmo acredite nelas.
Aureliano não conseguiu fortes apoios no seu próprio estado. Não conseguiu atrair o PTB ou parte dele. Está incomodado com a filiação de Jânio ao partido. Em condições normais de temperatura e pressão, deveria estar comemorando o ingresso do ex-prefeito que poderia vir a ajudá-lo.
Mas Aureliano sabe que Jânio se meteu no PFL para apostar na queda dele. A mais de um interlocutor, o ex-prefeito já confessou que sua candidatura é para quando setembro vier. Até lá, imagina que Aureliano acabará saindo do páreo.
Em caso de renúncia de candidato, a Executiva do partido indica o substituto. Não precisa marcar uma nova convenção. Jânio sonha em ser indicado. Com o apoio do próprio Aureliano.
Ulysses sonha em crescer alguns pontos nas próximas pesquisas sobre intenção de voto para colar o PMDB à sua candidatura. Toda a confusão interna do PMDB poderá ser dissipada se Ulysses der alguma prova de que chegará ao segundo turno da eleição.
Salvo um desastre imprevisto, Collor de Mello deverá chegar ao segundo turno. Pode perder, até lá, parte da força que exibe hoje. Mas terá que despencar muito para não chegar.
Subiu nas pesquisas sozinho, por seus próprios méritos de ilusionista político. Seus defeitos e sua inexperiência poderão vir a ser responsáveis pela queda que se anuncia.
----------------Por Ricardo Noblat:
O PFL informa: o ex-Ministro Aureliano Chaves será indicado hoje canndidato a Presidente da República. Em setembro, o indicado poderá vir a ser o ex-Prefeito Jânio Quadros.
Alguns políticos e economistas temem que até lá todas as indicações avalizadas pelos partidos acabem não valendo coisa alguma. A hiperinflação, se de fato vier a se instalar entre nós, seria capaz de desestabilizar a eleição de novembro próximo.
Pode haver exagero nesse tipo de temor — é recomendável que ele não passe de exagero. Mas ele existe e, à medida em que o governo jaz, inerte, diante do agravamento da crise, cresce o número de pessoas responsáveis que receiam a interrupção do processo de redemocratização do país.
É muito curta a memória coletiva. Em 1983, o país assistiu a uma onda de saques a supermercados e a lojas no eixo Rio—São Paulo.
Só no Rio foram registrados 63 episódios de saques. Muitos deles ocorreram, também, em algumas cidades do Norte e Nordeste. No centro de São Paulo, certo dia, um movimento de desocupados e de subempregados estilhaçou vitrines e fachadas de agências bancárias.
Uma manifestação de grevistas pôs abaixo parte das grades do Palácio dos Bandeirantes. O Governador Franco Montoro ficou sitiado por algumas horas.
O mundo não acabou por causa disso. Os Urutus não deram o ar de sua graça. Aliás, eles não têm graça alguma. O México decretara a moratória um ano antes. O Brasil, na prática, estava quebrado.
As elites do país souberam se entender para garantir a preservação da ordem pública e o projeto de distensão liderado pelo Presidente João Figueiredo. Deseja-se que demonstrem sabedoria e bom senso para agirem assim novamente.
Os donos do poder não tinham candidato para enfrentar a dupla Leonel Brizola-Luís Inácio Lula da Silva. Agora, têm — ou poderão ter. Poderão dispor da candidatura do ex-Governador Collor de Mello, um típico representante deles mesmos — com a vantagem de ter seduzido amplas faixas do proletariado.
Poderão dispor da candidatura do Deputado Ulysses Guimarães, que aceitaria o apoio deles sem nenhum constrangimento. Aceitaria feliz.
Se preferirem um candidato levemente inclinado para a centro-esquerda, poderão dispor do Senador Mário Covas, que conserva a seu lado o discreto charme do Senador Fernando Henrique Cardoso.
Dificilmente, escolherão seguir com a candidatura do ex-Ministro Aureliano Chaves. Ao indicá-lo, o PFL cumpre a obrigação determinada pela prévia interna que beneficiou Aureliano e que derrotou o Senador Marco Maciel. Nada mais do que isso.
O PFL não acredita nas chances de sucesso do ex-ministro. Talvez nem ele mesmo acredite nelas.
Aureliano não conseguiu fortes apoios no seu próprio estado. Não conseguiu atrair o PTB ou parte dele. Está incomodado com a filiação de Jânio ao partido. Em condições normais de temperatura e pressão, deveria estar comemorando o ingresso do ex-prefeito que poderia vir a ajudá-lo.
Mas Aureliano sabe que Jânio se meteu no PFL para apostar na queda dele. A mais de um interlocutor, o ex-prefeito já confessou que sua candidatura é para quando setembro vier. Até lá, imagina que Aureliano acabará saindo do páreo.
Em caso de renúncia de candidato, a Executiva do partido indica o substituto. Não precisa marcar uma nova convenção. Jânio sonha em ser indicado. Com o apoio do próprio Aureliano.
Ulysses sonha em crescer alguns pontos nas próximas pesquisas sobre intenção de voto para colar o PMDB à sua candidatura. Toda a confusão interna do PMDB poderá ser dissipada se Ulysses der alguma prova de que chegará ao segundo turno da eleição.
Salvo um desastre imprevisto, Collor de Mello deverá chegar ao segundo turno. Pode perder, até lá, parte da força que exibe hoje. Mas terá que despencar muito para não chegar.
Subiu nas pesquisas sozinho, por seus próprios méritos de ilusionista político. Seus defeitos e sua inexperiência poderão vir a ser responsáveis pela queda que se anuncia.
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sexta-feira, 14 de agosto de 2009

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Indústria fonográfica desenvolve novo formato de áudio

O Globo
RIO - As quatro grandes gravadoras (Sony, Warner, EMI e Universal) estão desenvolvendo um formato de arquivo de áudio para lançar álbuns digitais, numa nova (e tardia) tentativa de controlar o mercado de downloads de músicas. Segundo o The Times, o novo formato, batizado de CMX, trará uma "versão computadorizada dos encartes que vêm em CDs tradicionais, com letras, arte e até mesmo vídeos". O plano é lançar os primeiros produtos em CMX em novembro, possivelmente com um novo album do U2.
- Quando você clicar no nosso arquivo ele trará um visual totalmente novo, com uma página de abertura e todas as opções. Você não terá acesso apenas às dez faixas, mas também à arte do album, vídeos e conteúdo de plataformas móveis - disse uma fonte das gravadoras ao
Times.
Além da da desconfiança de um público hostilizado pela indústria há 10 anos e da ubiquidade do mp3, o domínio da Apple no mercado de tocadores digitais será um desafio para a popularização do CMX.
Segundo o Times, as gravadoras chegaram a conversar com a Apple há cerca de 18 meses sobre a criação do novo formato. A fabricante dos iPods não aceitou a parceria e pouco tempo depois anunciou que criaria o seu próprio formato, que está sendo chamado de Coquetel e deve ser lançado em setembro.
A indústria diz que não pretende "empurrar" o novo produto e fará pequenos lançamentos para estudar a reação do público. Um acordo com a Apple, para que o produto funcione nos iPods e iPhones certamente será crucial. Se não for assim, as pessoas terão apenas de converter os arquivos para mp3 e seguir sua vida normalmente. Algum software para isso será criado, com certeza.
O CMX é uma tentativa de reanimar o mercado de álbuns, que perdeu força com a chegada da era digital. A transição dos CDs para os downloads representou um retorno ao mundo dos "compactos". Dados da Entertainment Retailers Association revelam que apenas 10,3 milhões dos 139,8 milhões de álbuns vendidos no ano passado foram downloads.
Você não terá acesso apenas às dez faixas, mas também à arte do album, vídeos e conteúdo de
plataformas móveis
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Indústria fonográfica desenvolve novo formato de áudio para substituir mp3